No dia de ontem, quarta-feira, 13/10, representantes da Comissão de
Serviços Municipais da Câmara de Vereadores de Uruguaiana, em
comitiva formada pelo Vereador Rafael Alves, Vereador Mauro Brum e
Vereador José Clemente, estiveram em visita ao Criatório
Conservacionista São Braz, no interior do município de Santa Maria,
por determinação da referida comissão.
O São Braz foi o destino dos animais apreendidos na cidade de
Uruguaiana, em Abril de 2009, nas dependências da Imul, trevo de
acesso ao município através da Avenida Presidente Vargas. Na época,
uma grande polêmica criou-se a partir, principalmente, da forma como
foi conduzida a operação por parte do Ibama, Patrulha Ambiental e
Polícia Federal, deixando transparecer à sociedade a sugestão de
atividade criminosa por parte dos proprietários do estabelecimento,
quando estes mesmos órgãos depositavam naquele local os animais
apreendidos. De fato, comprovou-se recentemente no STF a inexistência
de licença para a criação local, em que pese a já referida má
condução no procedimento de apreensão.
Contudo, a situação do criatório conservacionista visitado nada tem a
ver com os acontecimentos daquele triste Abril de 2009 em nossa
cidade. O São Braz é o critatório modelo do IBAMA no estado do Rio
Grande do Sul, tratando-se de uma instituição mantida por doações de
empresas da cidade de Santa Maria e região, e pela dedicação dos seus
proprietários, veterinários e biólogos, tendo suas operações e
instalações rigorosamente fiscalizadas pelo IBAMA e por outros órgãos
federais. Inclusive, a visitação é restrita, sendo apenas autorizada
pela chefia do IBAMA na região, o que ocorreu com a comitiva de
Uruguaiana.
A fiscalização ao estabelcimento inclui diversas etapas. Dentre elas,
podemos ressaltar que a chegada de qualquer animal é seguida de
exames veterinários detalhados e de uma quarentena obrigatória. Os
animais, após a quarentena, podem ter destinos distintos. O primeiro
seria, em caso de ausência de problemas butocráticos e processos na
justiça, seria ou o alojamento em instalações mais que próprias no
próprio criatório, ditadas pelo IBAMA e órgãos ambientais, ou o
encaminhamento a outros criatórios ou zoológicos. Porém, no caso da
existência de processo judicial, os animais são mantidos em separado,
visando não acostumarem-se com um local que, talvez, não venham a
habitar e, com isso, venham a estressar-se e vir a óbito.
Em seguida, nos diversos tipos de permanência no estabelecimento, os
animais recebem alimentação controlada, conforme determinação de
especialistas, e controlada por veterinários e biólogos. Há casos em
que um só pássaro consome alimentos que beiram o custo de R$ 10 ao
dia. Jacarés, Tigres, Onças, Pumas, Leões consomem muitos quilos de
carne diariamente.
No caso de óbito de qualquer animal, o procedimento é rigoroso. O
corpo deve ser congelado, embalado, e juntamente com relatório
detalhado deve ser encaminhado ao laboratório da UFSM, para
investigação causa mortis e relato ao IBAMA.
Chamaram a atenção da comitiva as instalações do criatório, cuidado
com os detalhes e com o bem-estar dos animais, que tem seu ambiente
simulado com extremo capricho, mas principalmente, o carinho do
proprietário para com os seus "hóspedes". Puma, Tigres, Leões e Onça
são acariaciados e atendem aos chamados pelos apelidos. O leão era de
um circo, e com os mal-tratos lá recebidos perdeu as garras e ficou
cego, devido aos diários pulos por círculos de fogo. Ele tem 22 anos.
A leoa, recebeu ordem de eutanásia pelo Ibama, pois ficou "neurótica"
pelas diárias pancadas na cabeça no circo onde "trabalhava". A ordem
foi revertida na justiça pelo proprietário, que a recuperou em grande
parte. Os animais levados de Uruguaiana estão ambientados no local,
alguns acasalados em com filhotes. O famoso "ratão" que teria caído
da caçamba de uma camioneta na retirada de Uruguaiana e falecido,
tentou morder um dos curiosos Vereadores. Uma das capivaras faleceu
há pouco, no lago próprio, por causas ainda desconhecidas. São apenas
exemplos do trato com os animais naquele local.
Por fim, após as quase três horas de visitação aos quase 80 setores
do estabelecimento, que também conta com educação ambiental, museu de
materiais usados na lavoura dos séculos XVIII e XIX e um monumento à
liberdade (formado por milhares de gaiolas oriundas das apreensões),
à todos a conclusão foi óbvia: a única situação melhor àqueles
animais seria a liberdade na natureza.